Relacionar os papas aos reis de Apocalipse 17 é uma teoria defendida por alguns leigos adventistas. Pouquíssimos pastores a sustentam, sendo o Pr. Samuel Ramos (autor do material acima), um dos seus representantes mais destacados. Questionei-o sobre a validade da explicação em relação à sétima cabeça - Joseph Ratzinger faleceu em 31 de dezembro de 2022. Então, no seu malabarismo para sustentar que ainda não chegamos à oitava cabeça, o referido pastor me disse que o papa Francisco pertence à sétima cabeça. Caso morra, sim, terminará a sétima cabeça; Satanás será a oitava. Porém, caso renuncie, o papa que assumir a tiara papal permanecerá, junto com Jorge Bergoglio, na sétima cabeça.
Há vários problemas nessa explicação. O primeiro é que ignora a linha historicista clássica de interpretação das profecias, adotada pelos teólogos protestantes (no passado) e adventistas (sempre). Daniel 2 tem sido o norteador de todo o fluxo das profecias. É, nesse sentido, uma chave hermenêutica que não pode ser desprezada. Como sabemos, não há espaço ali para qualquer indivíduo. Mesmo quando o profeta ali se referia a Nabucodonosor, logo a seguir ficava claro que estava falando do Império Neobabilônico, e não de seu rei mais célebre. Assim, a profecia sempre aponta para entidades coletivas de poder que perseguiram ou perseguem o povo de Deus ao longo da história.
Logo, considerando que João é transportado em visão para o tempo do fim, iniciado em 1798, a interpretação que consideramos mais adequada para Apocalipse 17 é a seguinte:
"Cinco caíram...": Babilônia, Medo-Pérsia, Grécia helenística, Roma imperial e Roma papal.
"Um existe": França revolucionária
"Outro ainda não é vindo": Estados Unidos da América
Quanto ao oitavo poder, "a besta que era, e não é mais", trata-se do Papado, restaurado. O processo de cura da ferida mortal do poder papal iniciou-se em 1929, com o Tratado de Latrão. Porém, ainda não finalizou. Quando se consolidar, surgirá a imagem da besta, conforme descrita em Apocalipse 13. O decreto dominical será imposto, e o povo de Deus sofrerá uma perseguição como nunca houve. Os ímpios sofrerão, na sequência, as sete últimas pragas.
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