sábado, 1 de outubro de 2022

APOSTASIA NA DSA

Segundo o secretário executivo da Divisão Sul-Americana (DSA) da Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD), de 2011 a 2020, a denominação registrou 2.260.725 novos membros. Uma ótima notícia, sem dúvida. Ocorre que, no mesmo período, perdemos 1.589.600 membros.

A situação é particularmente desesperadora em relação à apostasia de membros jovens. "Dos 2.586.201 membros da IASD (na DSA), 37% tem entre 12 e 29 anos, equivalente a 939.961 membros considerados jovens. Porém, 519.798 jovens deixaram a Igreja em 2020, representando uma perda de 55%."


Meu comentário:

1°) Infelizmente, a tragédia é muito maior do que a revelada pelos dados oficiais da da DSA. Todos aqueles que são adventistas há alguns anos, pelo menos, sabem que o rol de membros, na maioria esmagadora das igrejas locais, padece pela falta de atualização. Além dos membros que se apostatam e desaparecem, há até casos de falecidos que ficam, por algum tempo, com seus nomes nos registros da Igreja. Em 2020, então, que a pandemia dificultou o contato entre membros e líderes, certamente cresceu a discrepância entre a realidade da membresia e os registros do ACMS (o sistema online da nossa secretaria). A título de exemplo, na igreja da qual sou membro, há mais de 300 membros no ACMS; porém, segundo um levantamento da própria secretária associada, em conjunto com outros oficiais, uns 200 precisam ser removidos por apostasia ou desaparecimento; vários deles com um atraso de décadas (isso mesmo: as pessoas estão totalmente apostadas há décadas e continuam oficialmente como membros da IASD!). Não vou entrar aqui no mérito desse problema, mas alerto para o quanto a nossa igreja está doente... A situação de Laodiceia ainda parece leve perto do que estamos vivendo. Acho que nos tornamos a igreja de Sardes, que morreu e nem se deu conta de que está morta.

2°) Será que não está na hora de reavaliarmos certas estratégias evangelísticas? Ao invés de se pautar por um claro "assim diz o Senhor" no que diz respeito ao evangelismo, a liderança da DSA tem investido elevadas somas na produção de filmes, mega eventos e músicas gospel (algumas delas escandalosamente seculares). Além do elevado ônus, isso é um erro à luz da Revelação. Por exemplo, um palestrante fez uma compilação com dezenas de citações de Ellen G. White, extraídas especialmente do livro Evangelismo, que condenam as representações teatrais. Posso compartilhar, com prazer, o arquivo em PDF a quem se interessar. Apesar de tanta luz, lamentavelmente, nos últimos anos a Divisão tem patrocinado um novo filme "evangelístico" para cada semana santa...

Alguns alegam que pessoas são atraídas para a igreja por meio de tais recursos. Concordo. Mas, a que preço? Como fica o nosso "culto racional" (Rm 12:1)? As pessoas que se unem a nós, "fisgadas" por tais filmes, músicas e eventos, têm clareza em relação ao nosso papel enquanto povo remanescente, ou nos enxergam apenas como mais uma igreja evangélica, que se distingue vagamente das demais denominações pela guarda do sábado e por condenar a carne de porco? Não estariam esses recém-conversos, além de tudo, afetando a saúde espiritual da igreja, em virtude de já serem absorvidos num contexto tão secular, liberal e relativista?!

3°) Um dos erros mais graves de nossos líderes, especialmente na DSA, é a conivência (e mesmo pressão - afirmo-o com segurança, por experiência direta) ao rápido e superficial preparo dos candidatos ao batismo. Ora, não é preciso ir a fundo para entender que alguém que é preparado a toque de caixa para descer às águas batismais tende a se apostatar muito mais facilmente do que aqueles que são cabalmente preparados para tal decisão. Sobre isso, leia Testemunhos Seletos, vol. 2, p. 393 e 394. E indico também o excelente artigo escrito pelo Dr. Alberto R. Timm há 24 anos, intitulado "Preparo para o batismo: assunto sério" (Revista Adventista, junho de 1997). Detalhe: nunca me esqueci desse artigo, embora o tenha lido pela primeira vez quando nem havia ainda completado dez anos de idade.

Poderia ainda destacar outros pontos, mas não quero me alongar. Gostaria de frisar que não sou um dissidente da igreja, muito pelo contrário. Além de membro regular, sou professor na rede adventista e tenho plena convicção do papel profético da IASD. Quero seguir militando em suas fileiras até à volta de Cristo. Se esse meu apelo puder sensibilizar um pastor ou oficial da igreja, a fim de que repense os rumos que temos tomado enquanto igreja, já terá compensado o esforço.

Em Cristo,

RLT