quarta-feira, 8 de novembro de 2023

Não poderemos comprar ou vender

 

A história acima, publicada na revista Portas Abertas no mês de outubro de 2023, me lembrou de imediato do livro O Dia do Dragão, de Clifford Goldstein. A partir de argumentos sólidos, o famoso autor adventista prova a atualidade do livro O Grande Conflito. Em meados do século XIX, quando esse clássico de Ellen G. White foi escrito, suas interpretações do Apocalipse pareciam bizarras. À época, o Exército dos Estados Unidos ainda combatia os peles vermelhas no Oeste, o Império Britânico detinha uma inconteste hegemonia global e o anticatolicismo dos americanos era enorme. Como, então, aceitar que os protestantes estadunidenses se aliariam ao Vaticano para impor um decreto dominical e perseguir os guardadores do sábado? Durante a maior parte do século XX ("O Século Soviético", segundo Moshe Lewin), as coisas não melhoraram para a teologia adventista. Apenas no fim da década de 1980, com o colapso do Império Soviético, a extrema popularidade do papa João Paulo II e sua aliança com o presidente americano Ronald Reagan, O Grande Conflito passou, de fato, a fazer sentido.

Ainda assim, muitos questionavam a hipótese de imposição de um dia de guarda (no caso, o domingo) como a marca da besta. Diziam eles: como seria possível, um lojista recusar-se a vender os seus produtos a alguém simplesmente por uma divergência religiosa? Especialmente aqueles que têm pequenos negócios, por que abririam mão dos seus lucros por algo tão trivial num mundo tão secularizado como o nosso? De uma hora para a outra, qualquer vestígio de compaixão desapareceria dos corações de todas as pessoas que não comungam da nossa fé? Logo, a ideia de um decreto dominical como a marca da besta continuava desafiando os espíritos mais céticos.

Eis, então, que a pandemia de Covid-19 passou a assolar a humanidade. De repente, passamos a ouvir notícias de pessoas privadas do acesso ao seu trabalho, comércio ou outros espaços, simplesmente por não comprovarem a submissão a um certo experimento científico. No Brasil, jornalistas e ativistas conservadores passaram a ser perseguidos pelo STF por crimes de opinião; alguns deles, como o Rodrigo Constantino e o Paulo Figueiredo Filho, tiveram suas contas bancárias bloqueadas, situação que permanece até o momento. E, finalmente, no mês passado, a revista da maior organização em favor da Igreja Perseguida - a Portas Abertas - traz o testemunho de Ko Aung, um cristão de Mianmar que foi impedido de movimentar os recursos financeiros de suas contas bancárias. E, tudo isso, simplesmente por ser cristão (confira a história no topo deste post).

Em breve, os guardadores dos mandamentos sofrerão as terríveis consequências de sua fidelidade. Quando for promulgado o decreto dominical, independentemente se restará ou não alguma empatia entre os comerciantes, nossas contas serão bloqueadas por decisão judicial. A profecia abaixo irá se cumprir ao pé da letra: 

"E ele fez com que todos, tanto pequenos quanto grandes, ricos e pobres, livres e escravos, recebessem uma marca em sua mão direita, ou em suas testas; e que nenhum homem possa comprar ou vender, a não ser aquele que tiver a marca, ou o nome da besta, ou o número de seu nome." Apocalipse 13:16-17

Estejamos preparados. Maranata!