domingo, 11 de outubro de 2020

Jesus defende a Imortalidade da Alma em Mateus 10:28?

Jesus, o "caminho", a "verdade" e a "vida" (João 14:6), declarou: "Não tenham medo dos que matam o corpo, mas não podem matar a alma [psychē]. Antes, tenham medo daquele que pode destruir tanto a alma [psychē] como o corpo no inferno [geenna]. "

Mateus 10:28 (NVI).

Não há nada em psychē, mesmo remotamente, que indique uma entidade consciente capaz de sobreviver à morte do corpo e, portanto, imortal. Em nenhum dos casos de seu emprego na Bíblia, psychē se refere a uma entidade consciente capaz de existir de forma separada do corpo. A Bíblia não fala nada de uma alma consciente e viva, que supostamente sobrevive ao corpo. 

Geenna, por sua vez, é uma transliteração do hebraico ge' ben hinnom, "vale de Hinom" ou "vale do Filho de Hinom" (Js 15:8). Reis ímpios como Acaz (2 Cr 28:3) e Manassés, seu neto (2 Cr 33:1, 6) praticaram o rito bárbaro de queimar crianças a Moloque num lugar chamado Tofete, no vale de Hinom (2 Cr 28:3). Anos depois, o rei Josias profanou os lugares altos no vale de Hinom e exterminou essa forma de culto. Como punição por essa e outras maldades, Deus advertiu Seu povo de que o vale de Hinom um dia se tornaria "o vale da Matança" para "os cadáveres deste povo" (Jr 7:32, 33; 19:6). Da mesma forma, o fogo de Hinom se tornou símbolo do fogo consumidor do último grande dia de juízo e punição dos ímpios (cf. Is 66:24). No pensamento escatológico judaico, derivado em parte da filosofia grega, geenna era o lugar onde as almas dos pagãos eram mantidas sob punição até o dia do juízo final e das recompensas. As Escrituras, contudo, em parte alguma sustentam a crença da imortalidade incondicional da alma. Ver Ezequiel 18:20, Eclesiastes 9:5,6 e diversas outras passagens. 

Voltando a Mateus 10:28, Jesus buscou passar a seguinte mensagem:

"Não temais os que podem aniquilar vossa existência terrena (corpo, soma), mas não podem destruir vossa vida eterna em Deus; temei, antes, a Deus, que pode destruir todo o vosso ser eternamente." Note que Jesus está afirmando que a alma pode ser morta.

Com informações do Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia, vol. 5.

domingo, 28 de junho de 2020

Decifrando o Apocalipse

Acesse aqui um trecho da live exibida no Canal Michelson Borges. Data de exibição: 15 de maio de 2020. 

Livros indicados na live (não necessariamente nessa ordem):

1. Uma Nova Era Segundo as Profecias do Apocalipse, de C. Mervyn Mawell (CPB)

2. O Futuro - a Visão Adventista dos Últimos Acontecimentos, organizado por Alberto R. Timm, Amin A. Rodor e Vanderlei Dornelles (Unaspress)

3. O Dia da Sua Vinda - Movimentos apocalípticos e a Expectativa da Volta de Cristo, de Alceu L. Nunes (Unaspress) 

4. Apocalipse 13, de Marvin Moore (CPB)

5. Estudos sobre Apocalipse, de Frank B. Holbrook (ed.) (Unaspress)

6. A imaginação apocalíptica, de John J. Collins (Paulus)

7. Revelation of Jesus Christ, de Ranko Stefanovic (Andrews University Press)

8. Setenta Semanas, Levítico e a Natureza da Profecia, de Frank B. Holbrook (ed.) (Unaspress)

sábado, 27 de junho de 2020

Shekinah

A palavra hebraica (shekinah), usada nos escritos rabínicos judaicos, não é encontrada na Bíblia, embora tenha origem na terminologia hebraica, visto que vem de shakan, "habitar".

Shekinah significa a presença ou proximidade de Deus com Seu povo. É mencionado no Targum, na versão aramaica dos livros do AT (ver Versões, I, 4), na Mishnah, na parte mais antiga do Talmude e na Hagadah, a porção não legal da literatura rabínica. Um exemplo extraído do Targum Onkelos, de cerca de 100 d.C., mostra como o termo shekinah é usado na tradução em aramaico de um texto hebraico. Em Deuteronômio 12:5, as palavras nome habitação são traduzidas como "shekinah".

Na Mishnah, produzida no fim do século II, o termo shekinah ocorre apenas duas vezes, das quais uma relembra a frase paralela de Jesus em Mt 18:20: "Se dois estiverem juntos e falarem palavras da Lei, a Presença Divina [o shekinah] estará com eles" (Aboth 3.2). Entretanto, na Hagadah, o termo shekinah ocorre com frequência onde se mencionam aparições divinas.

Adaptado de Dicionário Bíblico Adventista do Sétimo Dia. Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2016, p. 1254.

sábado, 2 de maio de 2020

O QUE UM ADVENTISTA DIRIA A UM CATÓLICO


Olá amigo católico!
Poderás achar estranho eu me dirigir a ti como amigo, quando, sendo eu adventista do sétimo, já várias vezes deves ter ouvido dizer que nós, os adventistas, pregamos (infelizmente não tanto como deveríamos) que o papado romano é uma das cabeças da besta de Apocalipse 13 (a que sobe do mar, se não estás muito familiarizado com o tema), um poder outrora e no futuro perseguidor dos verdadeiros crentes e filhos de Deus. Se estás surpreso, espero que esta minha mensagem te esclareça.

Sim, és meu amigo porque os adventistas do sétimo dia não têm inimigos senão o inimigo das almas. Até na política, repara bem, existem pessoas com visões e ideologias bem diferentes, que não é por isso que deixam de ser amigos.

Claro que não vamos ignorar as diferenças que nos separam – acredita que eu gostaria que essas diferenças fossem bem mais evidentes, mas a culpa disso é minha e não tua! – mas não precisamos olhar um para o outro como se estivéssemos a ponto de definir o mais forte para saber quem será o único que sobreviverá.

Quero dizer-te que a esmagadora maioria dos católicos que conheço são pessoas excepcionais, respeitadoras e ajudadoras do seu próximo, honestas e diligentemente esforçadas no seu dia-a-dia, com famílias ordenadas e que educam os filhos o melhor que sabem e podem.

Ao longo da vida, já conheci católicos cuja integridade moral da sua consciência é admirável. Digo-te mesmo que a maioria deles é um melhor exemplo para a sociedade do que muitos adventistas, eu incluído.

Mais ainda, e já no âmbito da crença pessoal, admiro profundamente a convicção de muitos católicos – fazer votos de peregrinação e cumpri-los com um enorme desgaste físico e até emocional, como acontece quando se percorre centenas de quilômetros a pé, é mesmo só para quem vive intensamente a sua fé.

Posso não concordar com o mérito da questão (e não concordo!) e até achar isso profundamente errado do ponto de vista bíblico (e acho!); mas que me espanta a fidelidade e devoção de milhares dentro daquilo que é a sua prática religiosa, isso não posso negar, ainda mais se o comparo, por exemplo, à preguiça e desleixo de alguns adventistas para estarem pela manhã de sábado na igreja com a pontualidade que se lhes pede.

Deixa-me dizer-te que eu sou adventista do sétimo dia por causa do adventismo do sétimo dia, e não por causa dos adventistas do sétimo dia; e, eu não sou católico por causa do catolicismo, e não por causa dos católicos.

Dito de outra forma, são os princípios, os valores, as crenças e os ensinamentos do adventismo do sétimo dia que me tornam e motivam a ser, cada vez mais, um adventista do sétimo dia; jamais encontro essa inspiração nos crentes adventistas, que, juntamente comigo, não passam de um bando de farrapos pecadores necessitados de um Salvador e que, por si mesmos, em nada são melhores do que qualquer outra pessoa que viva neste mundo.

Na mesma linha, é também devido ao catolicismo romano que eu jamais poderia ser um católico. Fosse a minha medida muitos dos crentes católicos que conheço, abraçaria essa religião com todo o fervor; mas ao aferir pela Bíblia os princípios, os valores, as crenças e os ensinamentos do catolicismo romano, eu não posso em consciência, adotar uma religião que assumidamente não tem a Bíblia, a Palavra de Deus, como única regra de fé – sim, se não sabes, o próprio catolicismo assume e admite que as suas bases vão muito para além da Bíblia, juntando-lhe a tradição de inspiração humana.

É por esta razão – fidelidade à Bíblia, a Sagrada Escritura – que eu tenho de afirmar que o Papado romano é a maior falsidade religiosa da História, o maior inimigo do cristianismo, a mais grotesca deturpação da verdade bíblica e um gigantesco sistema de engano no qual milhões de pessoas sinceras foram e estão a ser engolidas. É pela mesma razão que tenho de dizer que o sábado do sétimo dia é o verdadeiro Dia do Senhor e que o domingo não passa de um dia de descanso e guarda falso, antibíblico e anticristão.

E também é por isso que tenho de dizer que os mortos dormem e não sabem nada nem pensam coisa alguma e as almas não vão para lugar algum no momento da morte (incluindo as dos chamados santos). E, já agora, que Maria está morta aguardando o dia da ressurreição quando Jesus voltar.

Sim, apesar de por vezes parecer que algo mudou nos tempos recentes por haver muita conformidade quando deveria haver distinção, a verdade é que o adventismo não abandonou a sua posição sobre a Igreja Romana.

E também não abandonamos a nossa posição sobre o que é o crente católico: alguém pecador que precisa de Cristo tanto quanto um adventista, nem mais nem menos.

Por fim, e como gostamos de desejar o bem aos nossos amigos – mesmo que não me consideres como tal, eu irei sempre fazê-lo em relação a ti – faço-te um apelo: estuda a Bíblia e só a Bíblia.

Como nós adventistas gostamos de dizer, não é a Igreja verdadeira que te dirá qual é a verdade; a verdade é que te dirá qual é a Igreja verdadeira. Então procura a verdade nas páginas das Escrituras, pois elas são tudo quanto precisas. E eu também.
Abraço em Cristo.

Autor: Filipe Reis